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23 de agosto de 2015

A empresa familiar possui líderes carismáticos | António Nogueira da Costa

Uma característica muito comum aos negócios familiares é a denominação da sociedade incluir o nome do fundador, da família ou apelido pelo qual são normalmente reconhecidos.
Esta particularidade não é de todo inócua. Pelo contrário, acaba por ser um elemento diferenciador e, muitas vezes, uma vantagem comparativa. De forma mais ou menos consciente, os principais stakeholders deste tipo de organização assumem que, nos seus relacionamentos profissionais, se for necessário existe uma pessoa (“dono”) a quem se podem e dirigir e com a qual podem reunir, para solucionar qualquer tipo de potencial diferendo.
Este nível de “conforto” não é comum noutro tipo entidades, onde os principais gestores mudam com regularidade, não são detentores de parte do capital, não reúnem capacidade individual de decisão vinculativa, etc. 
Os inquiridos num estudo da Egon Zehnder reconheceram esta particularidade, podendo-se salientar dois aspetos inerentes a envolventes culturais: a maior pontuação foi obtida na região da Ásia, sociedade tipicamente mais estratificada e que o reconhecimento da existência do carisma do líder, por dos participantes que eram proprietários de empresas familiares, ficou bem mais abaixo (28,1%).

Região
Américas
Ásia-Pacífico
Europa MEA
35,6%
41,5%
33,1%


 “Em teoria, uma empresa familiar e uma não familiar devem ser ambas geridas por profissionais competentes. A única diferença é que existe um rosto” (Alexandre Soares dos Santos, Tradição do Futuro, nº 27). Com esta frase, este líder incontestado do grupo Jerónimo Martins,por várias dezenas de anos, oferece uma das melhores definições e diferencial da empresa familiar: a existência de um líder que todos os stakeholders (re)conhecem. Quando se falava do sistema financeiro português, existia um nome de família e de grupo empresarial que são indissociáveis e globalmente reconhecidos: Espírito Santo. Neste caso estávamos perante vários ramos familiares, com origem no fundador do grupo, unidos pelo mesmo nome e com referência a um rosto que tinha, até então, sido o da pessoa que liderava o banco.
Um caso paradigmático é o do grupo empresarial bracarense Casais. Tendo origem no Mestre José Casais, pai do grande impulsionador da empresa de construção - Mestre António Casais, este aglomerado de empresas é atualmente liderado pela 3ª geração, todos com o apelido de família “Fernandes”, pois “Casais” é simplesmente a “alcunha”, referenciada em vários registos, da trisavó de António Fernandes da Silva.

Temas para reflexão:

  • Quais as características que diferenciam o líder da empresa?
  • O seu perfil reflete os valores da empresa?
  • Como se está a preparar o próximo líder?


António Nogueira da Costa

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