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blogue editado por José Marques Mendes e Luís Luz

14 de maio de 2012

Líderes, chamem um médico!

Não posso deixar de partilhar um momento arrepiante que tive este fim-de-semana. Encontrava-me em conversa descontraída com uma pessoa de elevada responsabilidade na vida do país e, por isso, as minhas atenções eram enormes.

A certa altura do que ouvia, as palavras foram estas:
“Como é possível que empresários tão inteligentes deixaram as empresas chegar a este ponto? Deixar chegar as empresas a níveis incomportáveis de dívida e quedas abruptas de vendas e resultados. Têm meses de salários em atraso sem uma luz ao fundo do túnel. Empresários tão experientes, que construíram com determinação e coragem os seus negócios, não foram capazes de perceber que os mercados ruíam. Não fizeram nada para além de pensar que o dia seguinte ia ser melhor."
E continuava.
"Para muitos agora é tarde. Agora só resta uma coisa – fechar as empresas já que os níveis económicos e financeiros dessas empresas são surrealistas.
Para outras, têm de se reestruturar já. Se não fizerem nada e já, dentro de 3 meses estão pior e dentro de 6 estão a fechar.”

Este foi o momento que me tocou mais:
"Se não fizerem nada e já, dentro de 3 meses estão pior e dentro de 6 estão a fechar."
O timing de 6 meses pareceu-me hoje. Imediato.
Eu que vinha ouvindo apreensivo, nesse instante senti luz. Senti oportunidade. Senti futuro.

É que, se os empresários, líderes de empresas, assumirem com humildade que o tempo mudou, que os métodos têm de mudar, que a forma de liderar é outra e que os planos de ação têm de ter outros propósitos, então há esperança.

O que é preciso para isso?
É preciso que os empresários e líderes de empresas peçam ajuda. Tão simples quanto isso. Que peçam ajuda como quem vai ao médico pedir ajuda para a sua saúde. Que encarem a empresa como um paciente, como um ser que está debilitado e precisa de se reestabelecer.

Chamem um médico e não tentem curar-se sozinhos, automedicando-se.
É um erro, pessoal e empresarialmente.
Porém, um conselho:
Da mesma forma que ninguém vai ao médico pedir ajuda a dizer que ajuda precisa (não se pode dizer ao médico que se quer ser operado a isto ou aquilo ou que se quer este ou aquele tratamento - ele é que diagnostica e diz o que é preciso), também os empresários e líderes de empresas não podem pedir ajuda a dizer o que querem (não digam que o que precisam é de dinheiro ou de encomendas ou de novos clientes porque, até pode nem ser isso).
Até pode nem ser!

José Marques Mendes

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